No dia 16 próximo faremos nosso almoço de confraternização. Este ano a festa será nas dependencias do Lions Club Sorocaba Norte, na rua Ourinhos,268.
Como sempre o início será as 10:30 e o encerramento por volda das 16:00hs.
Este ano, a diretoria anterior, presidida pelo nosso querido Carlinhos, propos a realização de 2 homenagens. Uma para o sr. Jorge Kawazaki e a outra para o sr. Alaor de Oliveira.
O sr. Jorge, nem precisa de apresentações. Homem muito conhecido no meio orquidófilo pela sua firmeza e coragem na condução da AOSP - Associação Orquidófila de São Paulo durante 25 anos, colocando essa associação entre as mais importantes no cenário orquidófilo nacional e internacional. Ele foi pioneiro nos contatos internacionais com o Japão, desde os idos de 1977 quando da primeira edição do famoso livro NATIVE ORCHIDS OF BRAZIL, que foi editado em portugues e em japones, coma coordenação do famoso geneticista Dr. Hamilton Dias Bicalho. .
Com o trabalho realizado por ele a orquidofilia saiu do quase anonimato, para a grande midia nacional, através dos noticiarios da Rede Globo de Televisão, veiculados pela jornalista Ananda Aple, que acabou tornando-se socia da AOSP. Com sua determinação fez com que a orquidofilia se transformasse em um importante item de exportação, ao mesmo tempo em que popularizou o cultivo e gosto pela orquidofilia, mostrando o caminho que deveria ser seguido por quem amasse realmente as orquideas.
Hoje a AOSP é, sem dúvida, o exemplo de associação orquidófila a ser seguido, graças a perseverança do sr. Jorge Kawazaki.
O sr. Alor de Oliveira começou a colecionar orquídeas com 10 anos,
na cidade de Piracicaba, deslumbrado pela beleza de um “Erofidium maculatum”
(que já mudou de nome). A primeira vez que viu uma Loddigesi, foi um susto pela
beleza da Catleya, e também a não menos bonita Enciclia odorantíssima, que
existiam na mato do Godinho, perto das Indústrias Dedini. O “seu“ Alaor foi
trabalhar na Escola Agrícola (como era chamada a Escola Superior de Agricultura
“Luiz de Queiros” - ESALQ), em 1944 com 16 anos. A Faculdade tinha sido
inaugurada em 1934 e não tinha ainda um orquidário. Ele
e o Dr. Briegger, professor de genética alemão, foram os iniciadores do que foi o maior banco genético de orquídeas do Brasil. Estamos falando do início
da década de 50. Ele foi coletor oficial de orquídeas até 1969, coletando
plantas desde o Amazonas até o Rio Grande do Sul, sendo suas descobertas entre
outras a L. brieggerii, L. esalqueana, L. millerii, L. alaorii. Para sorte de
todos nós, existiu um homem que salvou muitas plantas em hábitat hoje
completamente extintos, quer pela especulação imobiliária, quer pelo
desmatamento desenfreado durante as décadas de 50, 60 e 70. Segundo ele,
existiam tantas C.aclandiae na Ilha de Itaparica, na Bahia, que dava para
encher caminhões. Hoje quem for lá só verá prédios de apartamentos. Coletou
centenas de C. warnieri no Espírito Santo, onde hoje só existem eucaliptos dos
reflorestamentos. Se não tivesse existido o “seu” Alaor, não teríamos nem
sabido da existência dessas plantas.
Um fato interessante contado por ele é com
relação à Santa Catarina e as Laelia purpurata. Segundo “seu” Alaor, não se
conseguia achar nenhuma variedade, somente a L. purpurata Tipo, pois os
colecionadores pagavam para os caiçaras tirarem toda planta com flor diferente.
E notem que estamos falando de 1959. Já nessa época - mais de 40 anos - a ganância
predominava.
No ano de 1969 o novo diretor da Escola, disignou
o “seu” Alaor para o setor administrativo, e cessaram as coletas. No final da
carreira, pouco antes de aposentar, retornou para o orquidário. Porém, durante
todo esse tempo, nunca deixou de ir ao orquidário, e orientar os funcionários
sobre o cultivo das orquídeas. Uma pessoa com tamanha participação no
descobrimento de orquídeas por todo o Brasil, logicamente tem muitas historias
e muitos “causos” pitorescos. Para se contar tudo isso, só mesmo com um livro,
que ele promete que vai escrever um dia. Mas durante nossa conversa escolhemos
alguns desses casos para ilustrarmos essa entrevista.
O primeiro deles é como o
“seu” Alaor conseguiu as primeiras Schomburkia e Stanhophea. Segundo “seu”
Alaor, elas foram roubadas do padre da paróquia perto da escola. Ele e alguns
amigos, todos na faixa dos 13, 14 anos, observaram que existia uma chave que
ligava e desligava as luzes do pátio da igreja. Eles combinaram que um dos
meninos subia no poste e apagava a luz e os outros roubavam as orquídeas. Dito
e feito. Pegaram uma moita de Shomburkia e stanhophea e levaram prá casa.
O
segundo, é mais emocionante porque foi a descoberta da Laelia alaorii. Foi no
sul da Bahia, numa derrubada de mata (mais uma!!!), que ele e o companheiro que
era motorista da Escola, encontraram algumas plantas e, dentre elas uma
pequenina com apenas três bulbinhos. Trazida para a Escola, depois que
floresceu, o professor Brieggeri, verificou que era uma nova espécie e o Dr.
Bicalho sugeriu que se fizesse uma homenagem para o “seu” Alaor. Essa viagem
foi realmente abençoada. Além da Laelia alaorii, foi descoberta a Laelia kerri
(em homenagem ao Dr. Warvick Stevan Kerr) .
O terceiro caso, é uma estória interessante de premonição. Nos idos de 1958 existia uma planta na escola que foi chamada de C. Velutina, mas o “seu” Alaor numa determinada noite, sonhou que estava coletando uma planta nova que era a C. velutina, porém era bem diferente daquela que existia na escola. Não era nem parecida com a C. velutina da ESALQ. Pois bem, um dia foram coletar orquídeas e encontraram uma espécie florida exatamente igual a planta do sonho. Trouxeram a planta para a Escola e verificou tratar-se da verdadeira C. velutina. Aquela que existia na Escola era um híbrido primário, produzido pelo professor Marcílio, mas que não tinha sido catalogado.
Como se vê, a historia da genética aplicada,
que produziu muitos trabalhos importantes para o avanço da ciência biológica no
Brasil, se confunde com a história deste homem. Pessoa simples, porém sábia,
que com sua dedicação e seu amor pelas orquídeas contribuiu enormemente para
esse desenvolvimento. Soube como poucos
manter vivas as plantas trazidas do seu habitat. Para nós foi realmente um
privilégio poder registrar um pedacinho dessa obra grandiosa.
Como pode-se ver, esse almoço do dia 16 promete.
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